Norberto Melim

O arquiteto empreendedor

Norberto Melim é um conhecido arquitecto madeirense. Junta aos projectos a atividade empresarial ligada à construção.


Faz a primária na Escola Júlio Diniz, no Funchal.
Dali sai para estudar o então 1.º e 2.º ano do preparatório na Escola Gonçalves Zarco.
Depois passa para a Escola Secundária Francisco Franco. No então 5.º ano escolhe as cadeiras que lhe permitem ir para medicina. Mas começa a aperceber-se que não bem a sal queda. Há muito que gosta de desenhar. Já pinta a óleo. Faz caricaturas. Pelo que não é difícil concluir que o seu futuro profissional tem de passar por aí. Assim, no 7.º ano opta pela arquitectura. Mesmo assim, ainda passa por um período de indecisão em ir para um curso de arte, mas a arquitectura prevalece. A ideia de criar, fazer e projectar fascina-o.
Antes de entrar na faculdade, tem de fazer o primeiro ano do propedêutico.
Não consegue entrar na Faculdade de Arquitectura do Porto. Por isso, nesse ano repete o propedêutico. Matricula-se na Universidade dos Açores, onde nunca chega a estudar.
Faz transferência e, no ano seguinte, entra na Faculdade de Arquitectura de Lisboa.
Na capital tem já um irmão a estudar medicina. Por isso mesmo, a parte final do propedêutico é feita em Lisboa.

Não projecta a sua vida a longo prazo. Por isso, não idealiza ser grande.
Completa o curso de arquitectura em cinco anos. É um aluno médio com média de 14.
Assim que termina, vem trabalhar para a Madeira, onde há falta de arquitectos.
Mal chega à Madeira, sabe da existência de uma vaga para a Câmara Municipal do Funchal. Não perde oportunidade. Prescinde das férias.
No município começa por fazer alguns projectos.
Um ano depois fica encarregado do trânsito.
No terceiro volta ao urbanismo, à parte de licenciamento de projectos.
Durante estes três anos consegue muitos amigos.
Até que, ao fim desse tempo, opta pela vida privada.
Pede para sair. O que é facilitado em virtude do contrato ser precisamente de três anos.
As pessoas dizem que deixar a estabilidade da câmara para se aventurar na vida privada é uma locura. Mas, Norberto Melim não teme desafios. Sente que tem valor para seguir o seu próprio caminho.

Monta um pequeno gabinete na Rua da Queimada de Cima.
Mais tarde, muda para o edifício Infante. Consegue cada vez mais clientes. Consequentemente começa a trabalhar muitas horas. De dia e noite.
De repente apercebe-se que o gabinete está de novo repleto. As duas salas estão cheias.
Tem de procurar uma nova casa.
Em 1992 monta o Atelier Melim. Muda de instalações. Vai para a Rua Nova de São Pedro. Para uma casa que adapta, com o número 48.
Com os anos vai remodelando a casa.
Os projectos são cada vez mais e os clientes fixos também.

A juntar ao mundo da arquitectura entra igualmente no mundo dos negócios. Na elaboração de empreendimentos próprios.
No fundo, acaba por entrar nesta área quase por acaso.
Um dia faz um projecto para um amigo seu. Termina e o cliente paga o trabalho.
O promotor analisa-o  Chega junto do arq. Melim e diz que paga o projecto, mas não vai construí-lo. Faz contas e conclui que não irá compensar o investimento. Além disso, diz que já não é novo e, por isso, não quer chatices.
Norberto Melim reage e diz que ao seu amigo que não vai metê-lo na gaveta. Não se sente bem ter feito um projecto e depois não o ver concretizado.
Procura junto dos seus clientes se há alguém interessado no projecto. As pessoas dizem que a altura não é a mais oportuna.
É então que Norberto Melim tem a ideia de criar uma sociedade onde estariam várias pessoas, e onde lidera o processo, e tem uma pequena percentagem. Entre os sócios está o promotor inicial. E assim está metido no mundo dos negócios para a construção do prédio. É um sucesso.
A partir daí surgem outros. Hoje está a desenvolver o projecto Monumental Palace, no Funchal, que contempla a construção de apartamentos e lojas comerciais.
Não obstante, diz não ser fácil ser promotor e projectista e arquitecto.

No domínio dos hobbies, o principal é visitar as obras todos os sábados de manhã. Calça as obras e lá está a acompanhar o andamento dos trabalhos. Gosta de saber de se a execução está a decorrer de acordo com o que foi idealizado e mesmo tirar dúvidas às empresas construtoras a qualquer dúvida que possa ter surgido. E sobretudo, fazer sentir juntos empreiteiros que quem projecta tem a preocupação com o produto final.
Trata-se de uma prática que faz não somente nas obras onde está como promotor e projectista, mas também unicamente como projectista.

Também gosta de viajar. Agora tem mais tempo para fazê-lo. Fecha o atelier durante 15 dias em Agosto. Presentemente tem mais de 20 pessoas a trabalhar consigo.
Diz que quando viaja não está particularmente atento a outros empreendimentos com o intuito de inspirá-lo em novas obras. Refere que a arquitectura é antes de mais algo que se sente.
Também lê. Muitas obras de arquitectura, para estar bem informado.
Não obstante sublinha que vivemos num meio limitado. É preciso fazer uma arquitectura de acordo com o nível económico e a capacidade de satisfazer os clientes, embora admita que existem excepções.

Norberto Melim não tem nenhum projeto ideal que sonhe concretizar. Até porque vinca bem não ser uma pessoa de grandes objectivos.
Prefere ir fazendo o seu percurso lentamente. Sempre tendo em linha de conta o meio, e fazendo um esforço para apresentar um pouco mais do aquilo que pedem.
Os seus objectivos como arquitecto passam pela procura permanentemente em construir melhor e sensibilizar as pessoas para a qualidade, mostrando a diferença através do que se faz. Isso consegue-se com muita dedicação e bons colaboradores.
Norberto Melim diz que é possível fazer melhor, mesmo sem atingir valores exagerados.
Não basta preocupar-se com a componente estética. Sublinha que é preciso aprofundar mais as questões técnicas.
Tem a preocupação de estar sempre a evoluir dentro da arquitectura. E julga que o tem conseguido ao longo do seu percurso.

Embora esteja ciente das potencialidades que as novas tecnologias já permitem hoje em dia, com uma visita virtual a algo que ainda não está concretizado, o arquitecto defende que tem de jogar um pouco com a surpresa. Por uma questão de marketing, admite que uma projecção computorizada pode ser útil. Agora, no caso, defende que a arquitectura funciona mais pela surpresa. Por isso, diz que, se podesse, fazia os seus projectos encobertos, para destapá-los quando prontos, contribuindo para as pessoas sentirem o impacto que o edifício oferece.

A nível da internet, não é grande utilizador, apesar de ter o atelier ligado à rede.
O correio electrónico também não.


BI
José Norberto da Silva Melim
19690-10-8
São Pedro
Filhos: 3

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